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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Como paramos de funcionar?


            
            Uma das principais questões relativas ao envelhecimento refere-se aos fatores responsáveis por comandar a sequência de eventos que levam á senescência do organismo humano.

De maneira geral todas as atividades fisiológicas do corpo se devem à atuação de substâncias que possuem sua síntese comandada pelo código genético. No entanto tal síntese não se dá de forma desordenada. Os genes responsáveis pela síntese de substâncias como hormônios ou enzimas precisam ter seu trabalho regulado por fatores transcripcionais, substâncias que ativam a transcrição e a posterior síntese de polipeptídios.
O principal problema é quando estes fatores param de funcionar, sobretudo após o envelhecimento. Processo inevitável e ainda um mistério para a ciência.É o que ocorre com uma família de fatores transcripcionais conhecida como C/EBP, responsável por algumas das principais funções do organismo humano, e cuja falta desencadeia uma série de eventos que contribuem para a expressão do fenótipo senil.
                Os fatores C/EBP regulam a transcrição de genes responsáveis por respostas anti-inflamatórias e anti-estresse oxidativo, um dos principais responsáveis pela degradação celular no envelhecimento, além disso tem a função de garantir a ocorrência de vários processos metabólicos e de contribuir para a regeneração de células estruturais.
                Os fatores C/EBP atuam como ativadores do gene responsável por codificar a proteína GLUT-4 que atua como facilitadora da entrada da glicose para o interior da célula, sendo portanto essencial à correta manutenção das atividades celulares. Lembrando que a glicose entra espontaneamente dentro da célula, a presença de um facilitador não seria essencial, no entanto, algumas células demandam de uma taxa glicolítica bastante alta para a manutenção de suas atividades, por exemplo os neurônios, daí a importância da existência do mediador GLUT-4. Tal proteína, ou melhor, sua falta, guarda uma relação bastante explorada pela ciência com o hormônio insulina, abrindo um novo caminho para pesquisas relacionadas a déficit cognitivo em indivíduos senis, assunto que merecerá atenção especial mais adiante.
Ainda no campo da atividade metabólica as proteínas C/EBP conseguem ativar as atividades genéticas relacionadas á adipogênese por meio do estímulo à diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos. Estudos já comprovaram que a atividade de diferenciação em adipócitos imaturos depende intrinsecamente dos níveis de C/EBP. Podendo haver retomada da atividade de diferenciação em pré-adipócitos de indivíduos senis após restauração desses níveis. Embora esta medida seja apenas um paliativo, o que a torna inviável em humanos, já que a adipogênese não é a única função das proteínas em questão. Karagiannides et al. (2001)
                Entretanto uma das funções mais importantes desta família de fatores transcripcionais talvez seja, sem dúvida, o de regular a síntese da proteína IGF-1.A IGF-I(Insulin-like growth fator), estimulada pelo aumento do hormônio do crescimento(GH) no sangue é responsável pela regeneração e crescimento de células estruturais como células musculares, ósseas e epiteliais. Além disso também se relaciona à insulina influindo na capacidade cognitiva.
              Proteínas especiais denominadas HSP(heat shock protein), como as chaperonas,  impedem a desnaturação de proteínas em situações de estresse oxidativo e hipertermia. Estas proteínas são ativadas por fatores transcripicionais específicos como o HSF-1 tais fatores tem o papel de se ligar a regiões determinadas do DNA codificadoras das HSP. Curiosamente  a presença de RNAm para a produção destes fatores transcripcionais também é cada vez mais reduzida em indíviduos senis. Impedindo assim a manutenção da integridade das proteínas mais expostas a fatores desnaturantes(calor e radicais livres).
Com isso chega-se à conclusão de que mesmo de forma indireta, através de mecanismos puramente genéticos, os sistemas celulares caminham inexoravelmente em direção ao envelhecimento. A morte entrópica se dá na forma de processos não totalmente desvendados pela ciência mas que cuja ocorrência atesta a forma implacável como a termodinâmica atua. Nos movemos em uma única direção, o sacrifício celular, ao que parece será sempre inevitável    
 

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