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sábado, 18 de junho de 2011

A bioquímica e o prontuário médico da 'Presidenta'



            Uma mulher de 63 anos diabética, com problemas para controlar o peso, recém-saída de um câncer linfático e de uma grave infecção pulmonar. É este o quadro clínico da ‘Presidenta’ Dilma Roussef. Se nos ocuparmos da tarefa de tentar encontrar a raiz de tantos problemas, sem uma investigação complexa e minuciosa de cada evento patológico, tudo não passará de mera especulação. No entanto, mesmo um leigo seria capaz de indicar, sem estar enganado, um dos fatores que predispõem a tantos males: o fato de a presidente não ser mais uma mulher jovem.
Eventos relacionados à senescência já explicados neste blog servem como peças de um quebra-cabeça que, se montadas fornecem uma explicação clara de como alguém de 63 anos já pode estar sujeito a vários dos problemas apresentados. O que faremos é relacionar esses eventos a algumas das patologias apontadas.
                Como já explicado anteriormente a proteína GLUT-4 presente em várias células do organismo (com exceção de células hepáticas e nervosas) tem sua síntese regulada por uma importante família de fatores transcripcionais associadas à velhice, as C/EBP. A redução da atividade desses fatores com a velhice ocasiona os baixos níveis de GLUT-4, logo um déficit no transporte de glicose para dentro da célula. O quadro apresentado por indivíduos que possuem essa deficiência corresponde geralmente a alta glicemia e insulinemia. Lembrando que a mobilização da reserva adiposa e a adipogênese também são regulados pelas C/EBP, essas atividades são deficitárias em sujeitos senis. Assim há uma predisposição inicial à glicemia alta já que a síntese de lipídios a partir da glicose também é comprometida.
                Além da baixa adipogênese no caso especial de Dilma a redução dos níveis de estrógeno(condição condizente com a de uma mulher prestes a entrar, ou já na menopausa) faz com que não haja um bom direcionamento da atividade adipogenética fazendo com que a gordura se acumule em regiões específicas como barriga ou quadris, o que dificulta ainda mais o acesso a estas reservas.
No caso da Diabetes Mellitus Tipo 2 a incapacidade de uso da insulina por carência de receptor é intensificada devido a ausência de GLUT-4 e a dificuldade de armazenar glicose em tecido adiposo. Além disso a deficiência na realização de gluconeogênese a partir de lipídeos dificulta a obtenção de energia.
     
   
               
                Outro importante fator refere-se ao favorecimento da aparição de cânceres. O encurtamento dos telômeros facilita a ocorrência de erros na transcrição de DNA e, com isso, o surgimento de neoplasias. È certo que baixa eficiência de idosos em elaborar respostas inflamatórias dificulta o crescimento de tumores dependentes de inflamação(estímulo à angiogênese e fatores anti-apoptóticos) como os do câncer de intestino. No entanto tumores associados ao sistema circulatório são independentes de mediadores inflamatórios.
                O linfoma de Dilma pode estar intimamente relacionado ao envelhecimento celular. Erros no código genético são favorecidos pela senescência,  e um longo tempo de exposição do organismo a agentes oxidantes são, além do fator telomérico, pivôs de processos como esse.
                Além disso o déficit causado no sistema imune pela involução do timo e a baixa produção de interleucinas, como a IL-6 e a IL-2, gera um quadro bastante típico, a redução do nível de células T e o aumento da quantidade de células B de memória. Com isso conclui-se que o organismo senil possui um vasto banco de dados de infecções, no entanto, é incapaz de mobilizar uma resposta imune eficiente.
Assim uma das infecções mais frequentes e responsável pelo maior número de óbitos entre indivíduos idosos, a pneumonia, ganha uma maior facilidade de ocorrência. A infecção por pneumococos consiste na obstrução do espaço alveolar por um infiltrado inflamatório contendo neutrófilos, material purulento e bactérias. Sendo a contenção da proliferação bacteriana de responsabilidade da atividade imune deste infiltrado.
Com a senescência a atividade de células polimorfonucleares é comprometida. Há nestas células uma redução da  atividade quimiotática estimulada por linfócitos e da função fagocítica devido á baixa produção de ânion superóxido por monócitos e de IL-1. Com isso a contenção citada é reduzida causando a ampliação da infecção e a inutilização de novos alvéolos.
Enfim, torna-se evidente que a Presidenta, como qualquer outro ser humano, já luta contra os efeitos inexoráveis do tempo.






Postado por: Laio Victor

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