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sábado, 21 de maio de 2011

Fotoenvelhecimento

" E a minha voz nascerá de novo, talvez noutro tempo sem dores,
e nas alturas arderá de novo o meu coração
ardente e estrelado"(Pablo Neruda))


         A nossa pele envelhece tanto naturalmente, com o passar do tempo, por motivos intrínsecos ao indivíduo, quanto por motivos extrínsecos, como a exposição aos raios solares. Sabe-se que o envelhecimento esta ligado a modificações celulares, as quais implicam em diminuição de funcionalidade e morte celular (apoptose). Já apresentamos duas explicações bioquímicas para o envelhecimento celular:
        1 – A RNA-polimerase (grupo de enzimas que agrupam as duas fitas do DNA) não consegue transcrever a extremidade da sequência das bases nitrogenadas, localizada nos telômeros, o que implica numa perda de material genético a cada divisão celular. Com o sumiço de material telomérico, há um aumento de instabilidade genética (os telômeros são responsáveis por controlar as divisões celulares), e, por consequência, ocorre o envelhecimento, pois o material genético mutado irá codificar proteínas defeituosas ou deixará de codificar alguma proteína importante, comprometendo a nossa estrutura(proteínas possuem função estrutural) e nosso metabolismo (enzimas são proteínas que aceleram as reações químicas em nosso corpo).
        2 – O acumulo de danos por radicais livres, os quais danificam as biomoléculas devido ao estresse oxidativo, causam o envelhecimento por acarretarem disfunções nas células. Tais radicais livres são provenientes do processo celular de síntese de ATP (Adenosina trifosfato, molécula armazenadora de energia) da respiração celular.
        O nosso material genético fica armazenado no núcleo das células e nas mitocôndrias. Como o DNA mitocondrial não possui Histonas (proteínas que propiciam uma espiralização e condensação das moléculas DNA, evitando rupturas em sua estrutura), possui baixa capacidade de reparo e esta bem próximo da fonte de ERO (Espécies reativas de oxigênio, produzidas durante a última etapa da respiração, a cadeia de transporte de elétrons. Essas espécies danificam lipídeos, proteínas e o próprio DNA. Em inglês: ROS), o material genético mitocondrial é bem passível de mutações.
        A deleção do gene mitocondrial 4,977-bp (“base pair”), muito comumente observada em peles envelhecidas, tem como causa especulada a radiação solar.
        A radiação ultravioleta tem a capacidade de penetrar na pele exposta, de acordo com seus comprimentos de onda. As ondas UVA (290-320nm) induzem a formação de ERO, o qual pode promover mutações no DNA mitocondrial. As ondas UVB (320-400nm), por outro lado, são absorvidas diretamente pelo DNA, provocando mutações. Tal interação cria fotoprodutos diméricos, como pirimidinas, que podem estar relacionadas com lesões pré-malignas na pele. Portanto, as radiações ultravioleta (UVA e UVB) induzem mutações nas células epiteliais, que são mais expostas ao sol, provocando mutações. Com tais “mudanças” no material genético, as proteínas podem sair disfuncionantes, implicando envelhecimento, ou também podem ativar genes, como o p53 (ativado pela UVA), o qual aumenta as chances de o dímero pirimidona gerar mutações e, consequentemente, células cancerígenas, uma vez que o gene tem pouca expressão na apoptose.
        Os ERO, cuja síntese fora induzida por radiação ultravioleta, ativa quinases, a quais ativam a expressão da proteína 1 (AP-1), que induz a formação de enzimas desintegradoras de matriz como as metaloproteínas (MMP). Essas são responsáveis pela degradação de colágeno, indispensável para a sustentação da pele. Além de induzir a degradação do colágeno, a radiação UV também diminui a sua síntese. Sem sustentação a pele fica enrugada.
Bibliografia:
Livro: Envelhecimento humano múltiplas abordagens (UFPF)

Escrito por: João Paulo Yoshio da Silva



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